Torque no Motor com Inversor de Frequência: Mito ou Verdade?

Quando o assunto é automação industrial, um dos temas que mais gera dúvidas é o comportamento do torque no motor com inversor de frequência. Existe um mito comum de que, ao reduzir a velocidade do motor, também ocorre uma perda significativa de torque. Mas afinal, isso é verdade ou apenas mais um equívoco técnico? Neste artigo, vamos esclarecer esse ponto com base em princípios elétricos e experiências práticas.

O que é um Inversor de Frequência e Como Ele Funciona?

Antes de mais nada, antes de entrar na relação entre torque e velocidade, é fundamental entender como funciona o inversor de frequência. Em resumo, esse dispositivo eletrônico tem a função de variar a frequência e a tensão da energia fornecida ao motor elétrico. Dessa forma, torna-se possível controlar a velocidade de rotação do motor de forma precisa e eficiente.

Além disso, o inversor realiza esse controle de maneira inteligente, ajustando também a tensão de alimentação, de forma proporcional à frequência, mantendo o desempenho do motor estável.

Relação Tensão vs. Frequência: Como Influencia o Torque no Motor com Inversor de Frequência

Para desmistificar a perda de torque em baixas velocidades, é essencial compreender o conceito de relação tensão x frequência. Essa relação, por sua vez, também é conhecida como curva V/f e representa a base para o controle de torque no motor com inversor de frequência.

O que significa isso na prática?

Quando a frequência de saída do inversor diminui, ele também reduz proporcionalmente a tensão aplicada ao motor. Essa redução coordenada garante que o campo magnético responsável pelo torque seja mantido estável.

Em outras palavras, o inversor não apenas reduz a velocidade, mas também controla a tensão para evitar que o torque diminua.

Mito ou Verdade: Reduzir a Velocidade Reduz o Torque?

A resposta é: depende.

Ao configurar corretamente o inversor de frequência e operá-lo dentro da faixa nominal do motor, você consegue manter o torque mesmo em velocidades mais baixas.

Contudo, é importante destacar que:

• A manutenção do torque está diretamente ligada à capacidade do inversor em ajustar a tensão com precisão.
• Em frequências muito baixas (abaixo de 10 Hz, por exemplo), pode haver perda de torque caso não haja compensadores de fluxo ou modos vetoriais ativados.

Portanto, afirmar que sempre há perda de torque ao reduzir a velocidade é fake, se o controle for feito da forma correta.

Demonstração Prática do Torque com Inversor de Frequência

Em uma demonstração real, foi feita a medição da tensão de saída do inversor em diferentes frequências. Veja o que foi observado:

• Com o motor em 60 Hz (velocidade nominal), a tensão de saída foi de aproximadamente 220V, mantendo o torque pleno.
• Ao reduzir para 20 Hz, a tensão também caiu para cerca de 80V. Mesmo assim, a relação proporcional entre tensão e frequência manteve o torque.

Logo, esse controle dinâmico permite ao motor operar em baixas velocidades sem comprometer a força no eixo.

A Importância de Usar Medidores True RMS ao Medir o Torque com Inversor de Frequência

Para avaliar corretamente a tensão e corrente em motores controlados por inversores, é essencial utilizar alicates amperímetros True RMS.

Por quê?

Porque inversores de frequência geram sinais modulados que não são senoidais puros. Ferramentas comuns podem apresentar leituras imprecisas. Portanto, se você quer confiabilidade nas medições, opte por instrumentos adequados.

Vetorial vs. Escalar: Modos de Controle que Influenciam o Torque

Embora não seja o foco principal deste artigo, vale mencionar que existem dois modos de controle em inversores:

• Escalar (V/f): Mantém a relação de tensão e frequência proporcional.
• Vetorial: Utiliza sensores e algoritmos para ajustar o torque dinamicamente, mesmo em baixíssimas rotações.

Ou seja, se sua aplicação exige torque elevado, prefira utilizar o modo vetorial.

Conclusão: O Torque Pode Ser Mantido em Velocidades Baixas?

Sim, é possível manter o torque no motor com inversor de frequência, mesmo em baixas velocidades, desde que haja configuração correta da curva V/f e uso de inversores compatíveis.

Por fim, evite cair em mitos e certifique-se de aplicar os conhecimentos com base em boas práticas. Isso garante maior eficiência e segurança nos sistemas elétricos e automatizados.

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