É bastante comum — e totalmente sensato — que estudantes da área eletroeletrônica percebam a necessidade de adquirir um multímetro logo no início da carreira. De fato, esse equipamento de medição é tão indispensável quanto o taxímetro para um taxista.
Afinal, você estará se equipando com um dispositivo que, além de fornecer dados fundamentais sobre a instalação elétrica, também pode identificar situações de risco. Por isso, não se trata apenas de uma ferramenta comum, mas sim de um instrumento de segurança e diagnóstico.
Para que serve um multímetro?
Sem entrar em muitos detalhes técnicos, vale lembrar que o multímetro permite identificar grandezas elétricas como:
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Tensão;
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Corrente;
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Resistência.
Entretanto, há um ponto crucial que muitos profissionais ignoram: o multímetro possui classes de emprego diferentes, ou seja, não serve para qualquer tipo de medição. Quando mal utilizado, esse instrumento pode se tornar perigoso e expor o usuário a sérios riscos.
Por que alguns multímetros custam R$ 250,00 e outros R$ 60,00?
Você já se fez essa pergunta? A resposta não está apenas na marca ou no material. A grande diferença está, principalmente, na categoria de aplicação do multímetro — algo que a maioria desconhece.
Este artigo tem como objetivo te ajudar a escolher o multímetro ideal para cada tipo de instalação. Além disso, explica a importância da classe de emprego, que impacta diretamente na sua segurança.
Medição com multímetro: quando há risco real
Ao realizar uma medição, você pode estar se expondo diretamente à rede elétrica. Além disso, mesmo em medições simples de tensão, há o risco da ocorrência de transientes elétricos — picos abruptos de tensão que, caso não sejam suportados pelo equipamento, podem, consequentemente, causar acidentes graves.
Por isso, é essencial utilizar um multímetro adequado à categoria da instalação. Mas o que define essa adequação? Continue a leitura e entenda tudo.
Padrão de segurança IEC-1010-1 e as categorias do multímetro
Desde 1988, o padrão IEC-1010-1 (que substituiu o IEC-348) determina as exigências de construção e aplicação dos multímetros, principalmente no que se refere à capacidade de suportar transientes.
Quanto mais próximo da fonte de alimentação estiver o ponto de medição, maior deve ser a categoria do multímetro.
As 4 categorias de emprego do multímetro
⚡ Categoria IV – Maior proteção
Indicada para medições em:
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Painéis de distribuição;
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Instalações externas ou subterrâneas;
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Sistemas de entrada de energia.
É a categoria com maior nível de proteção, ideal para ambientes com riscos elevados de transientes.
⚡ Categoria III – Uso residencial e comercial
A categoria III é indicada para medições em:
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Tomadas;
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Circuitos de iluminação;
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Distribuição interna de energia em casas e escritórios.
É uma categoria intermediária que não deve ser usada em ambientes classificados como categoria IV.
⚡ Categoria II – Equipamentos eletrônicos
Projetada para medições em:
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Eletrodomésticos;
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Equipamentos portáteis;
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Bancadas eletrônicas.
Como consequência, multímetros dessa categoria apresentam menor resistência a picos de tensão e, dessa forma, não são indicados para uso direto em instalações elétricas.
⚡ Categoria I – Circuitos de baixa tensão
Destinada a medições em:
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Sinais de telecomunicação;
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Aparelhos eletrônicos isolados da rede elétrica;
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Circuitos de rádio, TVs, etc.
Portanto, trata-se da categoria com menor proteção e, por esse motivo, é totalmente inadequada para medições em instalações residenciais ou comerciais.
TABELA DE TENSÕES MÁXIMAS ADMISSÍVEIS
Entenda o que você deve reconhecer ao identificar a Categoria de seu Multímetro:
CATEGORIA | TENSÃO MÁXIMA DE TRABALHO | TRANSIENTE MÁXIMO DE PICO |
II | 600 V | Transiente de 4 000 V de pico |
II | 1000 V | Transiente de 6 000 V de pico |
III | 600 V | Transiente de 6 000 V de pico |
III | 1000 V | Transiente de 8 000 V de pico |
IV | 600 V | Transiente de 8 000 V de pico |
IV | 1000 V | Transiente de 12 000 V de pico |
Como escolher o multímetro certo?
A escolha deve levar em consideração:
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O ambiente em que será utilizado;
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A proximidade com a fonte de energia;
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A frequência e tipo de medições que você realiza.
Lembre-se: um multímetro de categoria superior pode ser usado em aplicações inferiores, mas nunca o contrário.
Conclusão
Eu, particularmente, valorizo muito a segurança em trabalhos com eletricidade — e também em qualquer outra área. Por isso, escolhi esse tema para destacar a importância da categoria de emprego ao escolher seu multímetro.
Embora o preço esteja relacionado à marca, boa parte da variação se deve às diferenças entre as categorias de aplicação. Ignorar esse fator pode colocar sua segurança em risco.
Se você quer ser um profissional responsável e respeitado, esse é mais um detalhe fundamental que não pode passar despercebido.
💬 Comente abaixo: você já conhecia essa classificação dos multímetros?
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